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Estudo de Morfologia – Fisiologia
Sistema Tegumentar
O sistema tegumentar é o revestimento do corpo, incluindo a pele e suas estruturas derivadas, como pelos, unhas, penas e glândulas (sebáceas e sudoríparas). Este sistema é altamente adaptado ao ambiente em que o organismo vive, permitindo inferir o tipo de ambiente de um animal pela análise de seu tegumento e anexos.
É o sistema com o maior número de funções em um organismo:
- Fornece proteção física a tecidos delicados, protegendo contra microrganismos e materiais danosos.
- Absorve impacto, protege e sustenta o corpo.
- Contribui para o balanço hídrico, permitindo absorção ou prevenindo perda de água.
- Abriga órgãos dos sentidos.
- Auxilia no controle da temperatura corpórea.
- Possui pigmentos importantes para identificação, padrões comportamentais e camuflagem.
- Facilita a locomoção por meio de coxins de atrito, fixação de garras ou escamas.
- Em alguns grupos, como anfíbios, auxilia nas trocas gasosas.
- Secreções glandulares contribuem para atração/repulsão, nutrição de filhotes, liberação de sais/ureia e auxiliam na termorregulação.
A Pele: É composta por duas partes: a epiderme (epitélio superficial) e a derme (camada fibroelástica resistente). A derme repousa sobre um estrato de tecido conjuntivo frouxo, a tela subcutânea.
- Epiderme: É continuamente renovada. Células superficiais se desprendem e são substituídas pela divisão celular na camada profunda, seguida pela migração das células filhas para a superfície. É mais espessa onde há uso intenso (ex: coxins de cães) e mais fina em áreas com menor abrasão (regiões recobertas por pelos). Não possui vasos sanguíneos ou linfáticos, sendo nutrida por difusão a partir da derme subjacente.
- Derme: Geralmente mais espessa que a epiderme, com menor variedade de tipos celulares, unidas por fibras colágenas e elásticas. Em condições normais, a adesão entre epiderme e derme é forte. Traumas podem separar essas camadas, permitindo o acúmulo de líquido intersticial e a formação de uma bolha. As grandes cristas e papilas dérmicas, bem desenvolvidas onde o epitélio é mais espesso, são refletidas nos contornos epidérmicos. Essas estruturas são permanentes e individualmente distintas, sendo usadas para identificação (ex: impressão digital em humanos, impressão nasal em cães/bovinos).
- Tela Subcutânea (Hipoderme): Consiste em tecido conjuntivo frouxo entremeado por tecido adiposo. Varia em quantidade; é delgada ou ausente onde o movimento é indesejado (lábios, pálpebras, tetos). É ampla em cães e gatos, permitindo que a pele seja segurada em grandes pregas. A tela subcutânea não é considerada uma das camadas da pele.
Coloração da Pele e Anexos: A coloração em aves e mamíferos depende de grânulos de pigmento produzidos pelos melanócitos. Melanócitos são células ramificadas que produzem grânulos de melanina, transferidos para as células da epiderme e pelos.
- Melanismo: Mutação genética que causa produção excessiva de melanina.
- Albinismo: Mutação que causa ausência da enzima tirosinase, responsável pela produção de eumelanina e feomelanina. Nas aves, a coloração também depende da dispersão de luz na estrutura das penas. A combinação de pigmentação e incidência de luz resulta na cor percebida. Cores azuis, por exemplo, são causadas pela dispersão da luz em cavidades cheias de ar na queratina das penas. Em animais ectotérmicos, as células pigmentares (chamadas cromatóforos) estão localizadas na derme. Cromatóforos têm aspecto estrelado, e a distribuição do pigmento define a expressão de cores. São responsáveis por rápidas alterações de coloração, como em camaleões. Existem diversos tipos de cromatóforos dérmicos, como iridóforos (iridescência), xantóforos (amarelo) e eritróforos (vermelho). Podem manter cor constante, causar alterações morfológicas ou fisiológicas de cor.
Pelos: Característica exclusiva dos mamíferos. A maioria das espécies tem uma camada espessa, enquanto outras (ex: suínos domésticos, gato Sphynx) têm cobertura escassa. Basicamente, há três tipos de pelos:
- Lisos ou rijos: Pelos de proteção (revestimento), formam a “sobrecobertura”.
- Finos: Pelos lanosos ondulados, formam a subcamada (subpelo).
- Fortes (Vibrissas): Pelos táteis com várias terminações nervosas, distribuição restrita e associados a receptores táteis. O pelo é formado por uma raiz expandida e uma haste, escondidas sob a pele em um folículo piloso (bainha epidérmica). Uma ou mais glândulas sebáceas drenam para o folículo. Um pequeno músculo eretor do pêlo (músculo liso) se estende da derme e se insere no folículo. Sua contração eleva o folículo e o pelo, aumentando a eficiência de cobertura (apresentações) e o isolamento térmico. A maioria dos mamíferos troca seus pelos uma a duas vezes por ano. Pelagens de inverno e verão geralmente se distinguem em densidade, qualidade e coloração.
Carapaça dos Tatus: Caracterizados pela presença de uma armadura corporal (carapaça) na região dorsal. A carapaça é um tegumento modificado com epiderme muito cornificada (formando escamas) e uma derme ossificada. A matriz de colágeno da derme possui uma matriz óssea de cálcio formando placas conhecidas como osteodermos. As placas ósseas são porção da derme, contendo vasos sanguíneos, nervos, glândulas e pelos. É um exemplo de exoesqueleto associado ao endoesqueleto.
Penas (Aves): A pele das aves é delgada, pouco queratinizada e frouxamente unida à tela subcutânea. As penas são estruturas fortemente queratinizadas. As regiões com penas são pterilas, e as sem penas são aptérias. As penas são trocadas periodicamente, uma a duas vezes por ano. Existem vários tipos de penas com funções distintas (contorno, semiplúmulas, plúmulas, cerdas, fitoplúmulas). Uma pena se desenvolve a partir de uma elevação epidérmica. Durante a formação, é nutrida pela derme vascularizada. É formada por um cálamo (raiz/haste) e um vexilo (estrutura laminar). O vexilo é formado por barbas (estruturas filiformes) que possuem projeções laterais chamadas bárbulas. Pequenos ganchos nas bárbulas mantêm as barbas unidas, dando o aspecto laminar ao vexilo. Outros anexos queratinizados em aves incluem escamas nos pés (não substituídas), bicos e esporões (espinhos córneos com núcleos ósseos). Glândulas cutâneas são geralmente ausentes em aves, exceto a glândula uropigial (na parte superior da cauda), mais desenvolvida em espécies aquáticas, que produz uma substância oleosa para impermeabilizar as penas.
Anexos Tegumentares Especiais (parte 2)
Cornos e Chifres:
- Cornos: Anexos cutâneos permanentes que crescem continuamente desde o nascimento. Consistem em um miolo ósseo (processo cornual) unido firmemente ao osso frontal, envolvido por uma modificação do tegumento comum, o estojo córneo. A epiderme do corno é intensamente cornificada. Estão presentes em ambos os sexos (exceto raças mochas), embora machos possam ter cornos maiores. O formato é característico da raça.
- Chifres: Típicos de cervídeos (veados, alces, cervos, renas). Ocorrem apenas em machos na maioria das espécies (exceto renas). Desenvolvem-se a partir de protuberâncias ósseas do crânio chamadas pedicelos. Originam uma estrutura óssea coberta por uma camada de pele vascularizada, o veludo. Crescem sob estímulo hormonal. Quando o crescimento completa, os vasos sanguíneos do veludo diminuem, o veludo morre e se desprende (machos o removem esfregando em objetos). No final da estação reprodutiva, o osso na base do chifre enfraquece e o chifre cai. Chifres em animais maduros são geralmente ramificados.
- Ossicones (Girafas): Forma diferenciada de cornos. Crescem de um osso separado que se funde ao frontal e são revestidos por pele.
- Cornos de Rinoceronte: Peculiares, localizados na linha média da região do nariz (um ou dois). Formados apenas por filamentos de queratina (em forma de pelos) originados de papilas dérmicas, que são “cimentados”.
Locomoção e Coxins: A locomoção é o modo como os animais se deslocam. A velocidade está relacionada à porção da extremidade apoiada no solo.
- Coxins: Almofadas sobre as quais alguns animais caminham, mais desenvolvidos em mamíferos plantígrados e digitígrados. Estruturas cobertas por epiderme sem pelos e densamente cornificada. A derme não tem características especiais. A tela subcutânea nessas áreas é espessa e resistente, composta por fibras colágenas e elásticas.
- Mamíferos plantígrados (ex: ursos) possuem coxins digitais, metacárpico/metatársico e cárpico/társico.
- Mamíferos digitígrados (ex: cães) possuem coxins digitais, metacárpico/metatársico e um coxim cárpico.
- Em ungulados, apenas os coxins digitais são funcionais e entram em contato com o solo, incorporados ao casco. Formam estruturas como o bulbo (ruminantes, suínos) e a ranilha (equinos). A tela subcutânea dos coxins de cães, bulbos de suínos e ranilha de equinos possuem glândulas. Equinos também apresentam coxins cárpicos/társicos vestigiais (“castanhas”) e coxins metacárpicos/metatársicos rudimentares (“esporões”).
Unhas, Garras e Cascos: Estruturas que envolvem a falange distal. Compartilham arquitetura semelhante e apresentam cinco segmentos identificados por localização, estrutura e produção córnea. Um desses segmentos são os coxins digitais ou ungueais, que correspondem à polpa dos dedos em primatas/carnívoros e estão incorporados ao casco em ungulados.
- A cápsula ungueal (estojo córneo) é composta pela parede (lâmina) e face solear.
- A parede é formada pelo limbo (perioplo), coroa e segmento parietal, correspondendo à unha dos primatas.
- A face solear é formada pela parte distal da parede em contato com o solo, segmento solear e o coxim dos ungulados.
- Estojo Córneo Decíduo: Recobre o casco de recém-nascidos (leitões, bezerros, cordeiros, potros) e as garras de filhotes de cães/gatos. Possui cornificação incompleta, alta concentração de água e estrutura elástica, protegendo o útero e canal de parto. Seca e se desprende poucos dias após o nascimento, expondo o estojo córneo permanente.
- Garra do Cão: Cinco unhas no membro torácico e quatro no membro pélvico. O primeiro dedo torácico é reduzido e a unha pode crescer e invadir a ruga palmar. Um 1º dedo rudimentar pode estar presente no membro pélvico sob o tarso. A garra tem camadas córneas parietal, solear e coronária. A polpa digital é o coxim, separado da garra.
- Garra do Gato: Comprimida lateralmente, curvada, pontiaguda (forma de foice). Usada para ataque, defesa e contato com presa. Possui ligamentos elásticos que a tornam retrátil, permitindo caminhar silencioso. A polpa digital é o coxim, separado da garra.
Glândulas Cutâneas: Desenvolvem-se como brotos epidérmicos que invadem a derme, associados a folículos pilosos primitivos. Existem dois tipos básicos: sudoríferas e sebáceas.
- Glândulas Sebáceas: Produzem uma secreção gordurosa (sebo) que lubrifica e impermeabiliza pele/pelagem, prevenindo dessecação. Drenam para o folículo piloso, mas podem ocorrer sem associação a pelos (mamilos, lábios, genitálias). Promovem distribuição do suor, retardam crescimento bacteriano e têm outras funções (atração/repulsão, nutrição de filhotes, excreção, termorregulação).
- Glândulas Mamárias: Modificações das glândulas cutâneas. Sua distribuição varia entre espécies: da região torácica à inguinal em carnívoros e suínos; restritas à região inguinal (úbere) em ruminantes e equinos. Cada complexo mamário tem corpo e teta (papila). Tamanho varia com indivíduo e estágio funcional (juvenil, lactação). A pele da papila não tem pelos. São glândulas tubuloalveolares compostas, com unidades secretoras em lóbulos. Desenvolvem-se de espessamentos ectodérmicos (cristas mamárias). Os sistemas de ductos se desenvolvem a partir de brotos primários. O número de orifícios na teta varia por espécie.
Osteologia
Osteologia é a parte da anatomia que estuda os ossos. Os ossos são órgãos vivos.
Tecido Ósseo: É um tipo altamente especializado de tecido conjuntivo. Compõe a maior parte do esqueleto e é o principal tecido de sustentação. Contém vários tipos celulares, vasos sanguíneos e nervos. Responde a influências mecânicas e endócrinas e se modifica. Cerca de 5 a 7% da massa óssea é renovada. É formado por células e matriz extracelular calcificada (matriz óssea). A matriz óssea é composta por 20% matéria orgânica, 15% água e 65% minerais. Os íons mais encontrados na porção inorgânica são fosfato e cálcio, além de bicarbonato, magnésio, potássio, sódio e citrato. A parte orgânica é 95% colágeno tipo I. A união da parte inorgânica e orgânica confere dureza e resistência ao osso. Ossos sem minerais são flexíveis, ossos sem colágeno são quebradiços.
Células Ósseas:
- Osteoblastos: Células jovens responsáveis pela fixação de cálcio. Quando maduras, formam os osteócitos.
- Osteócitos: Formam a matriz óssea calcificada e ajudam a mantê-la íntegra.
- Osteoclastos: Células que desmineralizam a matriz óssea, retirando cálcio dos tecidos e depositando no sangue.
Tipos de Osso (Macroscópicos):
- Compacto (Cortical): Constituído de partes sem cavidades.
- Esponjoso (Trabecular / Reticular): Apresenta muitas cavidades intercomunicantes. A classificação baseia-se na quantidade relativa de substância sólida e no tamanho dos espaços. Todos os ossos possuem uma fina camada superficial de osso compacto em torno de uma massa central de osso esponjoso, exceto onde este é substituído pela cavidade medular.
- Distribuição: Em ossos longos, epífises têm osso esponjoso com camada compacta superficial; a diáfise é quase totalmente compacta com pouco esponjoso delimitando o canal medular. Ossos curtos têm centro esponjoso e camada compacta periférica. Ossos chatos têm duas camadas de osso compacto com esponjoso no meio.
Medula Óssea: As cavidades do osso esponjoso e o canal medular da diáfise de ossos longos são ocupados pela medula óssea. Pode ser tecido adiposo ou uma mistura de células adiposas e formadoras de sangue.
- Medula Óssea Vermelha: Contém células-tronco hematopoiéticas e tecido de sustentação. Abundante em recém-nascidos, reduz na vida adulta sendo substituída pela amarela. Encontrada no osso esponjoso ou na diáfise de ossos longos jovens. Sua função é a formação de eritrócitos, leucócitos e megacariócitos.
- Medula Óssea Amarela: Localizada na diáfise de ossos longos adultos. Composta por tecido conjuntivo formado por células adiposas.
Funções dos Ossos:
- Proteção de partes vitais (tecidos moles).
- Suporte para o corpo e cavidades.
- Base mecânica para o movimento.
- Armazenamento de sais minerais (metabolismo do Ca++).
- Conformação.
- Suprimento contínuo de células sanguíneas novas (hematopoiese).
Número de Ossos: Varia com a idade (processo de sinostose reduz o número), sexo (ex: osso peniano em canídeos) e espécie/raça. O material lista o número aproximado de ossos em diversas espécies domésticas e no homem.
Classificação dos Ossos quanto à Forma:
- Longos: Estrutura tubular, comprimento maior que largura e espessura (ex: fêmur, tíbia, metatarsos).
- Curtos: Cuboides, comprimento, largura e espessura aproximadamente iguais; encontrados nas extremidades dos membros (tarso, carpo).
- Planos: Comprimento e largura maiores que a espessura; função protetora (ex: ossos do crânio).
- Irregulares: Formas variadas, sem correspondência geométrica (ex: vértebras, sacro).
- Sesamoides: Encontrados entre tendões para diminuir atrito e desgaste ósseo no movimento (ex: patela, sesamoides digitais).
- Pneumáticos: Contêm cavidades com ar, conferindo leveza e resistência (ex: maxilar, frontal, ossos das aves).
Anatomia e Arquitetura do Osso Longo:
- Diáfise: Corpo do osso.
- Epífise: Extremidades dilatadas.
- Metáfises: Zonas de soldadura (não ossificadas em jovens).
Revestimentos Ósseos:
- Periósteo: Tecido conjuntivo fibroso que reveste o osso, exceto superfícies articulares e zona metafisária. Nutre o tecido, produz mais osso (consolidação de fraturas) e fornece interface para fixação de tendões e ligamentos.
- Pericôndrio: Tecido conjuntivo fibroso que reveste elementos cartilagíneos, excluindo cartilagem articular. Nutre o tecido e produz mais cartilagem.
- Endósteo: Membrana de tecido conjuntivo que reveste a superfície interna do osso, incluindo cavidade medular, poros do esponjoso e canais de Havers; contém células osteogênicas.
- Canais de Havers: Tubos estreitos dentro dos ossos por onde passam vasos sanguíneos e nervos.
- Canais de Volkmann: Canais transversais que comunicam os canais de Havers com a cavidade medular e superfícies externa/interna.
Contornos e Acidentes Ósseos: Áreas irregulares (saliências e depressões) na superfície dos ossos. Servem como superfícies para articulação ou pontos de fixação.
- Saliências Articulares: Côndilo, cabeça, capítulo, tróclea.
- Saliências para Fixação: Tuberosidade, maléolo, processo, trocanter, epicôndilo.
- Saliências Lineares: Crista, linha, espinha, promontório.
- Áreas Lisas (Articulares ou não): Asa, ramo, lâmina.
- Depressões (Articulares ou não): Fossa, cavidade, fosseta, faceta, fóvea, colo, fissura, incisura, sulco, arco, canal.
Esqueleto: Conjunto de elementos (ossos, cartilagem, ligamentos) que mantêm e sustentam o corpo. Possui duas partes principais e uma terceira variável.
- Esqueleto Axial: Constitui o eixo maior do corpo (sustentação). Inclui ossos da cabeça (crânio), pescoço (vértebras cervicais) e tronco (vértebras, costelas, esterno).
- Ossos da Cabeça: Protegem o encéfalo, sustentam órgãos sensoriais e vias digestivas/respiratórias. Divididos em crânio (cerca o encéfalo e órgãos auditivos) e face (restante da estrutura, com diferenças morfológicas entre espécies). Ossos do crânio são principalmente chatos. Ossos faciais distribuem-se em regiões orbital, nasal e bucal. A mandíbula é composta por duas metades unidas pela sínfise intermandibular. O aparelho hióideo é um conjunto de ossos na base da língua.
- Coluna Vertebral: Formada por vértebras irregulares e ímpares. Dividida em cervical (C), torácica (T), lombar (L), sacral (S) e caudal (Co). O número de vértebras varia por região e espécie. As primeiras cervicais (Atlas e Áxis) têm morfologia diferenciada. Vértebras típicas possuem corpo, arco e processos. O conjunto de forames vertebrais forma o canal vertebral. Vértebras articulam-se entre si por junturas sinoviais. O sacro é formado por vértebras sacrais fundidas. As vértebras coccígeas formam a cauda.
- Costelas: Articulam-se com as vértebras torácicas.
- Esterno: Osso do esqueleto axial.
- Esqueleto Apendicular: Funciona como alavancas para movimentação. Inclui ossos dos membros e cíngulos (cinturas escapular e pélvica).
- Cintura Escapular: Inclui a escápula.
- Membro Torácico: Inclui úmero, rádio-ulna, ossos do carpo, metacarpo e falanges.
- Cintura Pélvica: Se encontra ventralmente à coluna, articula-se com o sacro. Composta pelo coxal (ílio, ísquio e púbis), que se funde no adulto.
- Membro Pélvico: Inclui fêmur, tíbia-fíbula, ossos do tarso, metatarso e falanges. O fêmur é um dos ossos longos mais fortes. Tíbia (medial) e fíbula (lateral) seguem lado a lado, articulando-se distalmente aos ossos do tarso (exceto a fíbula na articulação). Os ossos do tarso dispõem-se em três fileiras (proximal com tálus e calcâneo, média, distal). Metatarsos são cerca de 20% mais longos que metacarpos. Ossos sesamoides (proximal e distal) também estão presentes.
- Esqueleto Esplâncnico (Visceral): Ossos desenvolvidos na substância de vísceras ou órgãos moles (ex: osso hióide, osso do pênis do cão, osso do coração do boi/carneiro).
Tipos de Esqueleto:
- Endoesqueleto: Esqueleto interno dos vertebrados.
- Exoesqueleto: Parte externa associada ao endoesqueleto (ex: carapaça de quelônios e tatus).
Artrologia (Sindesmologia)
Artrologia (ou Sindesmologia) estuda como as partes rígidas do organismo (ossos, cartilagens) se unem para formar o esqueleto. Junturas (ou Articulações) são os meios pelos quais essas partes se unem. São classificadas por sua constituição, função, união e movimentação.
Classificações Anatômicas:
- Quanto ao número de peças ósseas:
- Simples: Uma única superfície articular entre dois ossos (ex: articulação escápulo-umeral).
- Composta: Mais de uma superfície articular, entre mais de dois ossos (ex: articulação umero-rádio-ulnar).
- Quanto à forma das superfícies ósseas:
- Concordantes: Justaposição com encaixe perfeito (ex: articulação coxo-femoral).
- Discordantes: União sem perfeita oclusão (ex: articulação fêmuro-tíbio-patelar).
- Quanto à proximidade das peças articulares:
- Continuidade: Articulações pouco móveis, ossos próximos com interposição de tecido conjuntivo; denominadas falsas, sofrem sinostose (tornam-se ósseas) e são temporárias (ex: articulações entre ossos do crânio).
- Contiguidade: Articulações móveis, apresentam solução de continuidade (cavidade) entre os ossos, delimitada por cápsula fibrosa e membrana sinovial com líquido lubrificante.
Classificação de acordo com o meio de união:
- Fibrosa (Sinartrose): União por tecido fibroso. Pouco ou nenhum movimento.
- Cartilagínea (Anfiartrose): União por cartilagem. Movimento limitado.
- Sinovial (Diartrose): União complexa com cavidade sinovial. Permitem movimento significativo.
Junturas Fibrosas (Sinartrose):
- Suturas: Junturas fibrosas entre os ossos do crânio. Classificadas em planas, escamosas e serradas. Em fetos, o tecido conjuntivo é maior (certa mobilidade), ossificam progressivamente com a idade.
- Sindesmoses: Junturas fibrosas entre outros ossos (ex: união fibrosa entre rádio e ulna do cavalo). Também se ossificam com a idade.
- Gonfoses: Termo para a juntura fibrosa entre a raiz do dente e seu alvéolo. Alguns autores não a consideram verdadeira juntura.
Junturas Cartilagíneas (Anfiartrose):
- Sincondrose: Meio de união é cartilagem; tipo temporário que sofre ossificação (ex: cartilagem epifisária).
- Sínfise: Meio de união é fibrocartilagem (ex: sínfise pélvica, discos intervertebrais). Tipo permanente.
Junturas Sinoviais (Diartrose): Constituem as articulações propriamente ditas, com função de unir ossos e permitir o deslocamento de um em relação a outro (movimento). Caracterizadas pela presença de uma cápsula articular que envolve as extremidades ósseas.
- Cápsula Articular: Delimita a cavidade articular, que contém o líquido sinovial. Composta por camada externa (membrana fibrosa, reforçada por ligamentos capsulares) e interna (membrana sinovial, vascularizada e inervada, secreta líquido sinovial).
- Líquido Sinovial: Fluido especial dentro da cavidade articular. Atua como lubrificante, reduzindo o atrito. Transporta nutrientes para as cartilagens articulares (que são avasculares) e remove catabólitos.
- Cartilagens Articulares: De natureza hialina, revestem as superfícies articulares dos ossos. São desprovidas de vascularização e inervação.
- Ligamentos: Faixas resistentes de tecido conjuntivo fibroso que reforçam a união da cápsula articular. Podem ser capsulares, extracapsulares ou intra-articulares.
- Discos e Meniscos Intra-articulares: Estruturas fibrocartilagíneas interpostas entre as superfícies articulares em algumas junturas. Funções: amortecer pressões, possibilitar melhor congruência e facilitar deslizamento. Meniscos são encontrados na articulação do joelho.
Principais Movimentos em Junturas Sinoviais: O movimento ocorre em torno de um eixo perpendicular ao plano de movimento.
- Movimentos Angulares: Diminuição (flexão) ou aumento (extensão) do ângulo entre segmentos ósseos.
- Abdução: Afastamento do plano mediano.
- Adução: Aproximação do plano mediano.
- Rotação: Movimento em torno do eixo longitudinal.
- Circundução: Combinação de flexão, extensão, abdução e adução.
Classificação Morfológica (Exemplo): A articulação esferoide (ou ball and socket) é tri-axial, permitindo flexão, extensão, adução, abdução, rotação e circundução.
Miologia
Miologia estuda os músculos. O aparelho locomotor é composto por osteologia (passivo), artrologia (união) e miologia (ativo). Músculos são órgãos de tecido especializado em contrair e relaxar mediante estímulo nervoso.
Funções dos Músculos:
- Produção de movimentos corporais.
- Estabilização das posições corporais: Contrações de músculos esqueléticos estabilizam articulações e mantêm posturas.
- Regulação do volume dos órgãos.
- Produção de calor: O tecido muscular produz calor ao se contrair, usado na manutenção da temperatura corporal.
- Movimento de substâncias dentro do corpo: Músculos nas paredes de vasos sanguíneos regulam o fluxo de sangue e pressão (ações similares em outras estruturas).
Propriedades do Tecido Muscular:
- Excitabilidade: Capacidade de responder a estímulos.
- Contratilidade: Capacidade de contrair (encurtar).
- Extensibilidade: Capacidade de distender (alongar).
- Elasticidade: Capacidade de retornar à forma original após contração ou distensão.
Classificação do Tecido Muscular:
- Músculo Liso: Constitui camadas da maioria das vísceras ocas e vasos sanguíneos. Células fusiformes, sem estriações. Movimento lento e involuntário, rítmico e vigoroso. Atua nas contrações do tubo digestivo, arteríolas, útero, vesícula biliar. Células podem dividir-se em adultos, aumentando tamanho de órgãos ou reparando lesões. Cada célula tem apenas um núcleo central. Possui filamentos de actina e miosina dispostos frouxamente, não organizados em miofibrilas nem sarcômeros, o que lhe confere aspecto não estriado. Presente exclusivamente em vísceras, regulado pelo sistema nervoso autônomo. Os filamentos formam uma rede e estão associados a filamentos intermediários (desmina, vimentina) que se ligam a corpos densos (pontos de ancoragem). Não contém troponina. Contração depende da entrada de Ca++ pelo sarcolema, pois o retículo sarcoplasmático é mal desenvolvido. Conexão entre corpos densos permite comunicação e contração coordenada entre células vizinhas. A contração é iniciada por diversos estímulos (nervosos, endócrinos, químicos, estiramento). A contração do músculo liso é prolongada e frequentemente tônica, diferente da rápida contração/relaxamento do esquelético. Filamentos de miosina só se formam na contração. O relaxamento depende da enzima miosina fosfatase.
- Músculo Estriado Cardíaco: Presente no coração. Contração forte, rápida, contínua e involuntária. Células alongadas, cilíndricas, ramificadas, com um ou dois núcleos centrais. Possui estriações transversais e linhas denominadas discos intercalares. Discos intercalares são complexos comunicantes que permitem conexão elétrica entre células (sincronizando a contração) e evitam sua separação. Não se regenera; lesões são reparadas por tecido cicatricial (fibras colágenas de fibroblastos).
- Músculo Estriado Esquelético: Constituído por fibras longas, com estriações transversais. Responsável pela contração voluntária e locomoção. Células ricas em filamentos de actina e miosina organizados em miofibrilas. A organização dos filamentos em sarcômeros confere a aparência estriada ao microscópio. Possui túbulos transversos (Túbulos T), invaginações do sarcolema que levam o potencial de ação para o interior da fibra. Rico em mitocôndrias (sarcomas) para produção de ATP. As células não se multiplicam no indivíduo adulto; não se formam novas fibras musculares após o nascimento. Lesões são reparadas por tecido cicatricial. Corresponde a cerca de 40% do peso corporal.
- Hipertrofia: Aumento da massa muscular; aumento no tamanho/volume da fibra, não na quantidade.
- A maioria se dispõe ao longo do esqueleto, cruza articulações e provoca movimento de segmentos ósseos.
- Alguns não se prendem diretamente ao esqueleto, como os músculos cutâneos, ligados à pele, que provocam seu movimento (lábios, pálpebras, orelhas).
- Outros estão relacionados a vísceras, guardando orifícios naturais (esfíncteres).
Componentes Estruturais do Músculo Esquelético:
- Cada fibra muscular é envolta por endomísio.
- Fibras são agrupadas em feixes pelo perimísio.
- Todos os feixes são envolvidos externamente pelo epimísio.
- Endomísio, perimísio e epimísio são formados por tecido conjuntivo.
- O ventre muscular (ou corpo muscular) é a parte carnosa e ativa, onde ocorre contração/relaxamento, geralmente na parte média.
- As extremidades para fixação são os tendões ou aponeuroses.
- Tendões: Forma aproximadamente cilíndrica, de fita ou corda, ricos em fibras colágenas. Geralmente unem músculos fusiformes e penados aos ossos.
- Aponeuroses: Largas e finas, membranas fibrosas que revestem grupos musculares. Associadas a músculos planos.
- Músculos podem se prender a ossos, pele, cartilagens, cápsulas articulares ou outros músculos.
Estruturas Acessórias:
- Fáscias: Lâminas de tecido conjuntivo fibroso que envolvem e separam músculos. Funcionam como bainha elástica, facilitando o deslizamento e tornando a ação contrátil eficiente. Separam músculos em grupos por septos intermusculares.
- Bainhas Tendíneas e Bolsas Sinoviais: Estruturas (dupla membrana conjuntivo-sinovial com sinovia) que envolvem tendões em contato com superfícies ósseas ou se encontram entre músculos, tendões, ligamentos e ossos. Amortecem e facilitam o contato/deslizamento.
Origem e Inserção: Ao contrair, uma extremidade do músculo (a origem ou cabeça) permanece fixa, enquanto a outra (a inserção ou cauda) se desloca. Nos membros torácicos e pélvicos, a origem é geralmente proximal à inserção.
Classificação dos Músculos Esqueléticos:
- Quanto à forma: Fusiformes, longos, curtos, largos, leque, etc..
- Quanto ao ventre muscular: Monogástricos (um ventre), Digástricos (dois), Poligástricos (mais de dois).
- Quanto à situação: Superficiais/Cutâneos (logo abaixo da pele, inserção na derme profunda), Profundos (inserção em ossos).
- Quanto à disposição das fibras musculares: Paralela (reto), Oblíqua, Transversa. Peniformes (fibras oblíquas em relação aos tendões): Unipenado, Bipenado, Multipenado.
- Quanto à origem: Bíceps (dois tendões de origem), Tríceps (três), Quadríceps (quatro).
- Quanto à inserção: Monocaudado (uma inserção), Bicaudado (duas), Policaudados (mais de duas).
- Quanto à função: Agonista (inicia o movimento), Antagonista (opõe-se ao agonista), Sinérgico (auxilia o agonista), Fixador (estabiliza a articulação).
- Contração Isométrica: Geração de tensão muscular sem realizar movimento (sem alteração significativa no comprimento do músculo).
- Contração Isotônica: Geração de tensão muscular que resulta em movimento (o músculo muda de comprimento).
Nomenclatura dos Músculos: Nomeados de acordo com:
- Posição no esqueleto (ex: intercostal, peitoral).
- Forma (ex: trapézio, bíceps).
- Direção das fibras (ex: reto, oblíquo).
- Ação que executa (ex: flexor, extensor).
Miofibrilas e o Sarcômero (Músculo Esquelético): O sarcoplasma da fibra muscular esquelética é preenchido por miofibrilas. Miofibrilas são constituídas por quatro proteínas principais: actina, tropomiosina, troponina e miosina. Também contêm proteínas gigantes como titina (elasticidade, estabilidade da miosina) e nebulina (auxilia no alinhamento da actina). O sarcômero é a unidade básica do músculo estriado que permite a contração. As proteínas nos sarcômeros se organizam em bandas características que dão o aspecto estriado. O músculo liso não possui sarcômeros.
- Bandas I: Região composta por filamentos finos de actina.
- Bandas A: Região onde há sobreposição de filamentos finos (actina) e espessos (miosina).
- Discos Z: Limites laterais do sarcômero, compostos por α-actinina, onde filamentos finos estão ancorados.
- Zona H: Faixa estreita no centro da banda A, onde se encontram filamentos de miosina (sem sobreposição com actina).
- Linha M: Marca o ponto médio do sarcômero (centro da Zona H), contém miomesina e enzimas para metabolismo energético.
- Filamentos de titina se estendem do disco Z para a linha M.
- Em corte transversal na banda A (região de sobreposição), um filamento grosso (miosina) é cercado por seis filamentos finos (actina).
Contração do Músculo Esquelético: Inicia com um impulso elétrico do sistema nervoso central. A contração tem 3 etapas:
- Despolarização do sarcolema: O impulso elétrico se propaga.
- Estimulação do retículo sarcoplasmático: O potencial de ação viaja pelos Túbulos T e atinge o retículo sarcoplasmático.
- Ação do Ca++ e ATP: A estimulação causa liberação temporária de íons cálcio (Ca++) do retículo sarcoplasmático para o sarcoplasma. O Ca++ liberado se liga à troponina C, causando uma mudança na posição da troponina e tropomiosina, expondo os sítios de ligação da actina para a miosina.
- A miosina tem um sítio de ligação para actina e um sítio ATPase que liga ATP. Em repouso, a cabeça da miosina está ligada ao ATP (baixa energia), sem afinidade pela actina.
- A energia liberada pela quebra do ATP muda a forma da cabeça da miosina, que então se liga fortemente à actina.
- O mecanismo de contração envolve o deslizamento dos filamentos finos (actina) sobre os filamentos grossos (miosina), movendo-se em direção ao centro do sarcômero, o que causa o encurtamento do sarcômero e, consequentemente, a contração muscular. Este processo consome ATP.
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