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Diagnóstico Por Imagem – Veterinária

  • A Radiografia: É definida como um registro fotográfico obtido pela ação dos raios X sobre estruturas e objetos sensíveis a eles.
  • Densidade e Opacidade:
    • Densidade refere-se ao peso por volume de um tecido ou objeto corporal.
    • Opacidade radiográfica mede o escurecimento do filme causado pelos raios X.
    • Todos os objetos inibem parcialmente a passagem da radiação.
    • Estruturas que absorvem pouca radiação são chamadas radiotransparentes.
    • Estruturas que inibem a maior parte da radiação incidente são chamadas radiopacas.
    • As cinco opacidades radiográficas reconhecíveis são: Metal, Osso ou mineral, Líquido ou tecido mole, Gordura e Gás.
  • Contraste: Significa diferença. Uma estrutura só pode ser distinguida de outra se contrastar com seus arredores, ou seja, se tiver uma opacidade radiográfica diferente das estruturas circundantes.
  • Alterações Radiológicas: Sendo a radiografia uma imagem dos contornos e variações de opacidade das estruturas, apenas três observações significativas podem ser feitas:
    • Alterações de contorno.
    • Alterações de posição.
    • Alterações de opacidade.
  • Posições Padronizadas:
    • É fundamental que o radiologista conheça a anatomia radiológica.
    • Para facilitar a familiarização e obter uma impressão tridimensional da estrutura em estudo, utilizam-se posições padronizadas para cada parte do corpo.
    • Geralmente, consistem em duas posições que diferem em 90º uma em relação à outra.
  • Direção do Feixe:
    • É descrita como o ponto de entrada da radiação no corpo até seu ponto de saída.
    • As visualizações são frequentemente tomadas em ângulos retos entre si (ex: médio-lateral, dorso-palmar).
    • Existem também visualizações oblíquas (com ângulos intermediários) e vistas tangenciais (Skyline) ou não padronizadas.
  • Meios de Contraste:
    • São substâncias introduzidas no corpo para delinear estruturas que não são visíveis ou são insuficientemente visualizadas em radiografias comuns.
    • Existem dois tipos:
      • Meio de contraste positivo: Materiais radiopacos que delineiam as estruturas que os contêm.
      • Meio de contraste negativo: Gases introduzidos no corpo para fornecer contraste com o mesmo propósito do contraste positivo.
  • O Exame da Radiografia:
    • A radiografia deve ser examinada em um negatoscópio ou iluminador com lâmpada fluorescente, com luz brilhante adicional disponível para áreas mais escuras.
    • O radiologista deve adotar uma abordagem sistemática para examinar todo o filme, e não apenas a área onde se suspeita haver uma lesão.

  • Introdução aos Raios X:
    • Geração: Raios X médicos são gerados dentro de um tubo de vácuo, onde elétrons acelerados interagem com um alvo, resultando na produção de raios X e calor.
    • Componentes Básicos do Gerador: Um gerador de raios X funcional é composto por uma fonte de elétrons, uma diferença de voltagem entre o cátodo e o ânodo, e um mecanismo de tempo.
  • Filme de Raios X:
    • Composição: É formado por uma camada de emulsão contendo sais de prata sobre uma lâmina de poliéster.
    • Formação da Imagem Latente: Quando expostos à energia radiante, os cristais de sais de prata tornam-se susceptíveis a transformações químicas, formando a imagem latente. A formação da imagem latente também pode ocorrer devido a pressão excessiva.
    • Sensibilidade: A sensibilidade do filme é determinada pela exposição necessária para produzir uma radiografia, e os filmes são classificados por velocidade (alta ou média), sendo que filmes de alta velocidade requerem menos exposição.
  • Chassi:
    • É um estojo de metal ou plástico impermeável à luz, projetado para conter um par de écrans intensificadores e um filme de raios X, aplicando pressão moderada para garantir um bom contato écran-filme.
    • A frente do chassi é feita de plástico ou metal de baixo número atômico, enquanto a parte traseira é de metal dobrável ou plástico, com enchimento para vedar a entrada de luz.
  • Écrans Intensificadores:
    • São lâminas de luminescência química aplicadas a uma base de suporte que, em contato com o filme, permitem um registro mais preciso da imagem e aumentam o contraste e o detalhe radiográfico.
    • São usados aos pares em um chassi e suas velocidades (detalhe/lento, detalhe rápido, médio e alto) variam de acordo com a espessura da camada, corantes, tamanho e tipo de cristal. Écrans de detalhe ou lentos usam cristais menores para maior detalhe, mas exigem mais exposição.
  • Grades:
    • São séries de tiras finas e lineares de materiais alternadamente radiopacos e radiotransparentes que limitam a exposição do filme de raios X ao feixe primário, removendo os raios X dispersos que causam perda de detalhe. São utilizadas em objetos com mais de 9 cm.
    • Existem grades paralelas e grades focadoras.
  • Restritores do Feixe de Raios X:
    • São dispositivos como cones, diafragmas ou colimadores ajustáveis que são usados para controlar e limitar o feixe primário de raios X, evitando a irradiação excessiva de tecidos e a produção de radiação dispersa que atinge a superfície de registro.
  • Geometria da Formação da Imagem:
    • É essencial compreender o efeito da projeção geométrica do objeto sobre a superfície de registro, pois a distorção da imagem projetada pode levar à interpretação incorreta.

  • Proteção Radiológica: Os raios-X exercem efeitos biológicos e, por isso, exigem proteção especial. Os equipamentos básicos de proteção incluem aventais, óculos plumbíferos, luvas, protetores de tireoide e biombos. Estes equipamentos devem ser parte da rotina e sempre utilizados por quem controla o aparelho e por quem contém o animal. É fundamental que apenas adultos realizem esses procedimentos, e mulheres gestantes e crianças não devem participar. Uma técnica radiológica bem executada é crucial para evitar exposições desnecessárias e otimizar a obtenção de imagens.
  • Técnica Radiológica: Para a obtenção de radiografias de qualidade, são utilizados parâmetros específicos:
    • Quilovoltagem (KV): Quanto maior o KV, maior a velocidade dos elétrons que se chocam no ânodo, produzindo raios-X com menor comprimento de onda. O poder de penetração dos raios-X é inversamente proporcional ao comprimento de onda.
    • Miliamperagem (MA): Relaciona-se com a quantidade de elétrons produzida no cátodo e lançada no ânodo; quanto maior o MA, maior a quantidade de raios-X produzidos.
    • Miliamperagem por segundo (MAs): É a quantidade de radiação produzida em um determinado período de tempo (MA x S).
    • Cálculo dos Parâmetros: Para obter os valores corretos de KV e MAs, são necessárias informações preliminares como a estrutura, composição e espessura da área a ser radiografada.
      • A fórmula básica para KV é: KV = E x 2 + CF, onde E é a espessura da estrutura e CF é a constante do filme radiográfico (valor pré-estabelecido de 20).
      • A fórmula de MAs é: MAs = MA x S.
      • Existem variações na aplicação da fórmula do MAs dependendo da estrutura: para ossos (MAs = KV), para tórax (MAs = KV/2) e para abdome (MAs = KV x 2).
  • Distância Foco-Filme (DDF): É a distância entre o alvo do tubo de raios-X e a superfície registradora (filme). O aumento da DDF diminui o número total de elétrons disponíveis para penetrar no paciente e expor o filme. Na medicina veterinária, trabalha-se com distâncias entre 75 cm e 1 metro.

  • Quarto Escuro:
    • Muitos exames radiográficos são comprometidos por métodos de processamento inadequados.
    • Deve possuir iluminação artificial branca para manutenção e luzes de segurança que não afetam o filme durante o manuseio e processamento.
    • Vazamentos de luz podem arruinar a qualidade radiográfica, resultando em uma imagem globalmente cinza com contraste diminuído.
  • Armazenamento do Filme:
    • Os filmes devem ser protegidos da luz, radiação eletromagnética, gases, calor, umidade e pressão.
    • Devem ser guardados em ambiente com temperatura entre 10 ºC e 21 ºC e umidade relativa entre 30 % e 50 %.
    • Nunca devem ser empilhados para evitar artefatos de pressão.
  • Manuseio do Filme:
    • O filme é um produto delicado, sensível a danos.
    • Ao manusear, deve-se evitar pressão, pregueamento, empenamento e atrito.
    • O filme deve ser suspenso da caixa ou do chassi com o polegar e um dedo.
  • Cuidados com os Chassis e Écrans:
    • Carregar e descarregar o chassi no lado seco do quarto escuro, longe de soluções que possam contaminá-lo.
    • Ter cuidado ao abrir o chassi, pois o vácuo pode puxar pelos, poeira ou fios para dentro.
  • Processamento da Imagem:
    • Quando fótons de luz ou raios-X interagem com os cristais de sais de prata, eles são reduzidos a átomos de prata, formando a imagem latente invisível.
    • A solução reveladora aumenta o número de átomos de prata reduzidos, formando as áreas pretas da radiografia.
    • Uma radiografia acabada é um negativo das estruturas examinadas.
    • O processo de revelação é influenciado pela temperatura: temperaturas mais altas resultam em menor tempo de revelação (ex: 24ºC/3,25min; 16ºC/8,25min).
    • As soluções fixadoras removem os sais não expostos, clareiam o filme e contêm um endurecedor que previne a turgência da emulsão durante a lavagem, impede seu desprendimento e reduz o tempo de secagem.
    • O processo manual envolve etapas como agitar soluções, checar temperatura, imergir no revelador, enxaguar, imergir no fixador, lavar em água corrente e secar.

  • Princípios da Interpretação Radiológica:
    • Uma interpretação radiológica adequada exige uma avaliação completa e sistemática de todas as informações presentes no filme.
    • É fundamental que os detalhes sejam avaliados em radiografias secas e, idealmente, mantendo a mesma orientação do animal durante a avaliação.
    • Ao examinar um filme, o radiologista deve questionar a qualidade da imagem, a presença de artefatos, a idade aproximada do paciente, e se qualquer anormalidade visualizada é real e observável em outras vistas. Se real, a lesão deve ser descrita em termos radiográficos.
    • A radiologia é uma ferramenta diagnóstica que pode confirmar, refutar ou sugerir um diagnóstico, fornecer informações sobre a progressão ou gravidade de uma condição, auxiliar no prognóstico e detalhar tamanho, forma, posição, alinhamento e duração estimada de uma lesão.
    • Alguns tempos mínimos para o desenvolvimento de lesões podem auxiliar na estimativa da duração, como osteófitos que são visíveis em três semanas sob condições ótimas, e fraturas incompletas que podem levar até duas semanas para serem visíveis.
    • Lesões ósseas ativas costumam ter margens irregulares, enquanto as inativas são geralmente regulares, lisas e com opacidade uniforme. Uma lesão inativa antiga não necessariamente indica uma doença curada.
  • Mudanças Ósseas: A capacidade do osso de responder a estímulos é influenciada por dieta, doenças e estado fisiológico, e o esqueleto varia com a idade, sendo menos denso em jovens e mais denso em adultos. As alterações radiográficas incluem:
    • Desmineralização (Osteopenia): Reconhecida por corticais finas e padrão trabecular mais óbvio (geral), ou como defeito osteocondral/aparência cística com fraturas em linha (focal).
    • Aumento da Produção Óssea: Um aumento generalizado da espessura cortical pode indicar patologias como hipervitaminose A.
    • Osteófitos: Formações irregulares de tamanhos e posições variadas, com densidades dependendo se a lesão é ativa ou inativa.
    • Enteseófitos: Formações irregulares onde tendões, ligamentos e cápsulas articulares se unem ao osso.
    • Reação Periostal ou Endosteal: Aumento da radiopacidade na região do periósteo ou endósteo.
    • Esclerose: Aumento da radiopacidade óssea localizada.
    • Fisite (Epifisite): Bordas ósseas irregulares e anormais afetando as margens da epífise e metáfise em animais em crescimento.
    • Neoplasia: Alterações variadas com aumento ou diminuição da radiopacidade (radiopaco e radiolucente), sendo geralmente impossível diferenciar o tipo apenas pelo estudo radiológico.
    • Osteíte e Osteomielite: Osteíte é a inflamação do osso e osteomielite é a inflamação da cortical e cavidade medular. Caracteriza-se por nova formação óssea com áreas de reabsorção, devendo-se diferenciar entre infecciosa e asséptica. Sinais de infecção incluem edema de tecidos moles com destruição e nova formação óssea, podendo resultar em sequestro ósseo.
    • Osteopatia Hipertrófica: Afeta metáfise e diáfise de ossos longos com nova formação periostal irregular radiopaca, tornando as margens mais radiopacas e a cortical menos evidente.
    • Enostose: Desenvolvimento de uma estrutura radiopaca com canal medular no endósteo.
    • Fraturas: Descontinuidade óssea vista como linha(s) luscente(s), classificadas por local e tipo, sendo as fisárias classificadas por Salter-Harris.
  • Lesões Articulares: Exames radiológicos são frequentemente utilizados para diferenciar entre afecções de tecidos moles ou das próprias áreas articulares.
    • Lesões de Tecidos Moles: Podem incluir edema extracapsular, corpo estranho radiopaco, gás em tecidos moles e reação periostal da cortical em áreas de edema.
    • Lesões Articulares propriamente ditas: Subdivididas em Artrite Infecciosa e Doença Articular Secundária.
      • Artrite Infecciosa: Passa por fases aguda (áreas radiotransparentes compatíveis com gás, aumento do espaço articular, sem alterações periarticulares), subaguda (aumento de áreas radiotransparentes no osso subcondral com contorno irregular, alargamento do espaço articular, osteófitos periarticulares de baixa densidade) e crônica (áreas radiotransparentes subcondrais irregulares, esclerose, perda do espaço articular e remodelamento periarticular).
      • Doença Articular Secundária: Caracterizada por distensão da cápsula articular, remodelamento periarticular, diminuição do espaço articular, esclerose subcondral e alterações periostais proliferativas.
    • Luxação: Completa perda de contato entre as superfícies articulares.
    • Sub-luxação: Perda parcial de contato entre as superfícies articulares.
    • Cisto Ósseo: Pequena depressão luscente na superfície articular, podendo ter área esclerótica marginal.
    • Osteocondrose (OCD): Distúrbio na ossificação endocondral, com fragmentos endocondrais, depressão na superfície articular, irregularidade na zona subcondral, esclerose ao redor de zonas luscentes e remodelamento secundário da articulação.
    • Mineralização Distrófica e Metastática: A distrófica ocorre em tecidos previamente agredidos, enquanto a metastática ocorre em tecidos sem agressão prévia.

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