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Semiologia Veterinária

Resumo de Livro

CAP 1 – INTRODUÇÃO A SEMIOLOGIA

Subdivisões da Semiologia:

  • Semiotécnica: É a arte de examinar o paciente, utilizando todos os recursos disponíveis, desde a simples observação até exames modernos e complexos.
  • Clínica Propedêutica: Reúne e interpreta os dados obtidos no exame do paciente, sendo um elemento fundamental de raciocínio e análise para o estabelecimento do diagnóstico.
  • Semiogênese: Busca explicar os mecanismos pelos quais os sintomas aparecem e se desenvolvem.

Conceitos Gerais:

  • Sintoma ou Sinal?: A conceituação desses termos diverge. Na medicina humana, sintoma é uma sensação subjetiva sentida pelo paciente (dor, náuseas), enquanto sinal é um dado objetivo notado pelo examinador ou exames complementares (tosse, edema). Na medicina veterinária, sintoma é todo fenômeno anormal que revela a doença no animal (tosse, claudicação), e sinal é a avaliação e conclusão que o clínico retira do(s) sintoma(s) e métodos de exame; é um elemento de raciocínio. Há uma corrente que considera todas as manifestações objetivadas no paciente como apenas sinais, visto que animais não expressam verbalmente o que sentem. Na prática, os termos são frequentemente usados como sinônimos, o que pode gerar dúvidas.
  • Saúde: É definida como o estado do indivíduo cujas funções orgânicas, físicas e mentais estão em situação normal.

Sintomas podem apresentar variadas facetas e ser classificados como locais, gerais, principais e patognomônicos. É importante considerar que um único fator pode levar a diferentes sintomas, e um sintoma pode ter várias causas.

Procedimentos para a Resolução do Problema Clínico: Envolvem duas fases:

  1. Elaboração de hipóteses: Inicia-se com informações mínimas como idade, sexo, raça e queixa principal, e continua com os dados da anamnese e exame físico. A elaboração precoce de uma hipótese de trabalho é natural e necessária para guiar o exame.
  2. Avaliação das hipóteses obtidas: Prevalece nos estágios finais do exame.

O Diagnóstico não é baseado em adivinhações, mas sim na obtenção criteriosa de dados e avaliação pormenorizada das hipóteses. A prática médica contínua e a avaliação repetitiva são cruciais para adquirir experiência e confiança. É importante notar que as manifestações da mesma doença podem variar entre animais (“para um clínico, não existe enfermidade, e sim enfermos”).

O Prognóstico consiste em prever a evolução da doença e suas prováveis consequências. Orienta-se por três aspectos: perspectiva de salvar a vida, perspectiva de recuperar a saúde/curar, e perspectiva de manter a capacidade funcional do(s) órgão(s) afetado(s).

O Exame Clínico vs. Exame Físico:

  • Exame Clínico: Reúne todas as informações necessárias para estabelecer o diagnóstico. Seus procedimentos básicos incluem: Identificação do(s) animal(is) (Resenha), Investigação da história (Anamnese), Exame Físico (Geral e Especial), Solicitação e interpretação de exames subsidiários (se necessário), Diagnóstico e prognóstico, Tratamento.
  • Exame Físico: É uma parte do exame clínico, focada na coleta de sintomas e sinais por métodos físicos como inspeção, palpação, percussão, auscultação e olfação.
    • Exame Físico Geral: Avalia o estado geral do animal e parâmetros vitais.
    • Exame Físico Especial: Direcionado aos sistemas envolvidos.

Anamnese | Aspectos Gerais:

  • Definição: Significa trazer de volta à mente fatos relacionados com a doença e o paciente. É o conjunto de informações sobre fatos de interesse médico, passados e atuais.
  • Importância: Frequentemente considerada o principal recurso para o diagnóstico. Uma anamnese bem conduzida corresponde a 50% do diagnóstico correto. Deficiências na anamnese não podem ser compensadas por exames complementares sofisticados, pois exames mal solicitados podem desorientar.
  • Princípios Básicos: Ouvir atentamente, evitar interrupções, dispor de tempo, não desvalorizar informações, não se deixar levar pela suspeita do proprietário, não demonstrar sentimentos desfavoráveis, saber interrogar, e possuir conhecimentos teóricos sobre as enfermidades. A aparência do entrevistador pode influenciar a eficácia.
  • Possibilidades e Objetivos: Estabelecer a relação veterinário/proprietário, conhecer a história clínica e ambiental, definir o foco do exame físico, determinar a estratégia de exames complementares e escolher o tratamento mais adequado.

Estrutura da História (Anamnese): Deve ser metódica e seguir sempre a mesma sequência lógica para não omitir informações importantes. A estrutura recomendada inclui:

  1. Fonte e Confiabilidade: Identificar quem fornece as informações (geralmente o proprietário) e, se necessário, checar a confiabilidade.
  2. Queixa Principal: A manifestação imediata que levou o proprietário a buscar atendimento. Deve ser registrada de forma concisa, se possível utilizando as expressões do proprietário, esclarecendo termos regionais. Não se deve aceitar “rótulos diagnósticos” dados pelo proprietário sem investigação.
  3. História Médica Recente (HMR): Detalhes sobre as alterações recentes que motivaram a visita. Deve responder “o que, quando e como”. A cronologia é essencial. O clínico deve identificar o “sintoma-guia”.
  4. Comportamento dos Órgãos (Revisão dos Sistemas): Pesquisa sobre o estado funcional dos vários sistemas orgânicos, seguindo uma sequência definida (digestório, cardiorrespiratório, geniturinário, nervoso, locomotor, etc.).
  5. História Médica Pregressa (HMP).
  6. História Ambiental e de Manejo.
  7. História Familiar ou do Rebanho.

Um Vocabulário Útil é apresentado, destacando a importância de compreender a etimologia de termos médicos.

A interpretação dos Exames Subsidiários (Complementares) se baseia na perfeita e cuidadosa coleta de dados clínicos. Exames complementares são úteis quando precedidos por um exame físico correto. Eles são eleitos com base nas possibilidades diagnósticas e podem incluir análises laboratoriais, diagnósticos por imagem, entre outros. Alguns exames (como o ecocardiograma) podem ser vistos como extensões de métodos semiológicos (inspeção indireta), enquanto outros (como mensuração de enzimas) são classificados apenas como exames complementares.